materialidades.
sem título (avessos), 2021
tapeçaria
cordão de algodão, lã e acrílico
50cm x 25cm
tramas onde tudo é corpo.
o avesso que permeia afetos.
delicadeza certeira da partilha.
tocar por meio da composição de linhas internas, invisíveis.
o vazio é corpo e o cheio é tanto. tudo é corpo.
todo o corpo tem encaixes, tem fissuras.
trata-se de habitar encontros. acolher ausências rodeadas de presenças.
transitar no gesto essencial de incorporar/compor.
fazer avessos.
dormência-repouso, 2022
tapeçaria
algodão
tamanhos diversos
dormência-repouso é composta por 13 mini tapeçarias-tubérculos de algodão com dimensões diversas emaranhadas entre si como rizomas que constroem convivências.
o trabalho aproximasse da ideia de dormência dos tubérculos como um mecanismo que distribui a germinação no tempo para favorecer e garantir a sobrevivência. para as plantas, a dormência declara quando se preparar para escassez de água e nutrientes. em vez de gastar energia na tentativa de crescer, eles sabem que devem parar de crescer e conservar energia. este período de crescimento interrompido permite que as raízes continuem se desenvolvendo e prosperando.
nesse sentido, pensar o gesto dos fios como escuta de algo sutil como um tipo de ensinamento daquilo que é do tempo-acontecimento para além do que está sendo visto. algo no exercício de espera, algo sobre a paciência na entrega.
série: inventar outros caminhos possíveis, 2021
tecelagem sobre vidro
não se trata apenas sobre concluir uma travessia mas o trajeto percorrido como concepção importante de gesto como sistema complexo, que integra a matéria da linha-vidro-linha-vidro, linha- espaço, ao corpo, que apreende/aprende através da prática e da criação. fios e caminhos que nascem desse embate entre linhas, corpo e matéria, na repetição.
dobra d'agua, 2022
algodão
entre o ritmo e o desvio,
a dança nas águas,
é dobra d’agua.
a fragilidade do coração é do mesmo tamanho de sua valia, 2023
fios de seda
O trabalho é composto por 3 mini tapeçarias de fios de seda tingidos com grana cochinilla - feito artesanalmente por mulheres de San Pedro Cajonos, no México, a cooperativa de mulheres produz a seda em todas as etapas do seu ciclo, que vai da sericultura à tecelagem, e os casulos de seda são utilizados somente após o nascimento das borboletas, respeitando os ciclos naturais dos animais e plantas.
O trabalho aconteceu entorno de um processo de luto e o entendimento da fragilidade do coração-vida e as fissuras como marcas deixadas pelo acontecimento de memórias-luto. O processo, como algo lento e calmo, no qual acontece enquanto revivo as memórias-luto e minhas mãos fazem e sentem o que querem.
A materialização dessa fissura apresenta a primeira tapeçaria com alguns fios soltos, a segunda com um pouco mais e a terceira com muitos fios soltos. Os fios soltos fazem parte do que torna uma experiência-materialidade significativa de processo e percepções que parecem espelhar muitas das minhas emoções, ideias e pensamentos das formas mais inesperadas, dolorosas e bonitas, que nem sempre são confortáveis ou fáceis de articular em palavras, porém as interseções no qual a mágica e o aprendizado acontecem, parecem quase mapear o gesto do sentir.